sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Dentista do Hran tira todos os dentes de um adolescente

O garoto foi internado para arrancar apenas dois dentes. Aluno da Apae, ele parou de frequentar a escola. Os pais estão revoltados.

A dor de Maria é de impotência. “Não tem mãe que aguente ver a cena que eu vi. Eu entrei em pânico. Fiquei desesperada. Pedi ajuda, mas não tive resposta”, desabafa Maria Oliveira.

Por enquanto, ninguém sabe por que o sorriso de César virou apenas uma lembrança nas fotografias da família. Ele parou de sorrir no dia 24 de setembro, depois de passar pelo Centro Cirúrgico do Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

A radiografia da boca do adolescente mostra o que deveria ter sido feito: a extração de apenas dois dentes. Mas o cirurgião-dentista que o atendeu arrancou todos os dentes da boca. Maria esperava pelo filho no hospital. Nem foi avisada. Só conversou com o dentista depois.

“Eu falei: ‘o que o senhor fez? O senhor tirou todos os dentes do meu filho. Eram só dois dentes. Ele falou assim: ‘eu vi uma patologia e foi preciso tirar’. Eu respondi: ‘mas eu estava aqui, por que o senhor não conversou comigo? Ele ainda falou assim: ‘depois a médica vai explicar para vocês’. E foi embora”, relata a mãe do menino.

“Eu acho que foi uma mutilação. Nós queremos justiça. Eu quero saber o que aconteceu com esse médico para ele fazer o que fez com o meu filho”, diz Alfredo Ferreira, pai de César.

As dificuldades financeiras nunca impediram que Maria e Alfredo brigassem para melhorar a vida do filho: fisioterapia, fonoaudiologia, estudos e tratamento odontológico. A ferida a ser curada agora é autoestima dele. César está com vergonha de sorrir outra vez.

“Meus dentes estavam bonitos. Eu deixei de ir para escola por causa disso que aconteceu comigo”, afirma César Oliveira Ferreira, 17 anos.

Para o Conselho Regional de Odontologia, o cirurgião-dentista cometeu um erro ético por não ter avisado a mãe de César que arrancaria todos os dentes do garoto. Quatro conselheiros vão ficar responsáveis pela investigação, que deve durar pelo menos quatro meses. Se for comprovado erro técnico, o dentista pode ser advertido ou ter o registro profissional suspenso por algum tempo.

“O fato é lamentável. Nós já afastamos o médico preventivamente, enquanto abrimos uma sindicância. Enquanto a sindicância estiver aberta ele ficará afastado das suas funções. Além disso, estamos tomando providências para que fatos dessa natureza não se repitam. No caso de indicação clínica e se a família tiver interesse, faremos o processo de restauração ou mesmo de implante. Nesse aspecto, o Estado vai priorizar o tratamento do César e a sua recuperação”, garante o secretário-adjunto de Saúde, Fernando Antunes.

Recuperar a alegria. Recuperar a vida normal. É tudo o que César mais quer. “O que eu quero é ter meus dentes de novo. Não posso ficar sem meus dentes. É isso que eu quero”, pede o adolescente.

Nessa segunda-feira (19), os pais de César foram chamados para uma reunião no Conselho Regional de Odontologia. A direção da entidade prometeu reconstituir os dentes do menino.

Fonte: www.g1.globo.com

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