segunda-feira, 29 de março de 2010

Que viajem!



Almas Gêmeas I



- Oi! Tudo bem?
- Tudo tranquilo,... e aí?
- Eu estava louca pra conversar com você denovo, ontem nosso papo foi muito bom...
- É verdade, há um mês eu entrei no bate-papo meio por entrar e de repente...
- De repente?
- De repente, encontro uma Maria, com a qual sonhei a vida inteira.
- Verdade mesmo? Você está falando sério?
- Falando sério? Você nem imagina quanto! Nas nossas conversas rápidas, eu senti assim uma premonição de que ali estava, finalmente, a minha alma gêmea.
- Agora você me deixou emocionada... Mas, na verdade, eu também senti uma coisa meio diferente e hoje mais ainda, neste nosso início de bate papo. Sabe de uma coisa, João? Até parece que eu te conheço de uma vida inteira.
- E eu, Maria? Desde outras vidas, tamanha é a afinidade por você.
- Que bonito, João. Assim é covardia, esta batalha você ganhou.
- Ganhei nada, sou desde já refém da sua simpatia, seu jeito, sua forma de expressar...
- Obrigada, João.
- Nem agradeça, Maria. Vamos conversar mais, quero saber tudo de você. Quem é você?
- Advinha, se gostas de mim...
- Quem é você, minha misteriosa?
- Eu sou Colombina
- Eu sou Pierrot. Mas nem é carnaval, nem meu tempo passou. Bom, pelo menos depois de você.
- É verdade, João. Deixando a música de lado, eu que não sou tão menina, apesar de estar me sentindo assim, quero que você saiba que a minha vida estava muito chata, muito monótona até que o destino te colocou nesse diálogo meio louco, meio mágico...
- Vamos fazer o jogo da verdade, Maria? Eu sou João, ou outro nome qualquer, tenho 45 anos, casado há muito tempo, sem filhos. Meu casamento entrou numa rotina...
- Eu também, João, estou casada há muito tempo, também sem filhos, achando que era feliz, até descobrir, e, principalmente, descobrir que estou viva. Apesar de também ter passado dos quarenta, estou me sentindo uma colegial, diante das primeiras emoções.
- A minha esposa é boazinha, mas não tem a mínima imaginação, nem a tua sensibilidade. Jamais seria capaz de um diálogo deste nível.
- O meu marido é honesto, trabalhador, mas é um tremendo cretino, só pensa em futebol.
- Eu até gosto de futebol, mas não sou muito fanático. A minha mulher só quer saber daquelas novelas chatas, sempre do mesmo jeito.
- Eu quase nem assito novelas, prefiro ler e conversar. Com pessoas como você, é claro!
- Pois é... este papo de internauta é gostoso, mas já não me satisfaz plenamente. Eu quero te conhecer pessoalmente, tocar no teu corpo. E quem sabe...
- Eu fico meio envergonhada... Mas, dane-se o pudor, estou louca pra fazer com você as coisas mais loucas que puder...
- Que tal neste fim de semana, à tarde... a gente poderia ir a um barzinho...
- Eu topo!!!
- Me deixa o número do seu celular...
- AH! É 9899...
- 9899... Mas este é o celular da minha esposa!!! É você, Joana???
- José?!!!



Luiz Fernando Elias

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