sexta-feira, 25 de junho de 2010

Brasil x Portugal



Brasil joga por liderança e por prestígio

Tinha tudo para ser o maior jogo da primeira fase da Copa do Mundo da África do Sul. Afinal, Brasil e Portugal são nada menos que o primeiro e o terceiro colocados do ranking de seleções da Fifa, têm dois dos maiores craques em atividade no planeta e se enfrentam justamente na rodada final da fase de grupos, para decidir a classificação final de sua chave. Mas o duelo entre as duas fortes seleções, o mais aguardado desde que a Fifa sorteou os confrontos deste Mundial, perdeu parte dos atrativos na rodada passada, quando o Brasil garantiu sua vaga por antecipação, Portugal praticamente assegurou seu lugar na segunda fase e Kaká, expulso contra a Costa do Marfim, tornou-se a grande ausência no esperado encontro com Cristiano Ronaldo, companheiro do camisa 10 brasileiro no Real Madrid. Mesmo assim, trata-se de uma partida imperdível: quando entrarem em campo às 11 horas desta sexta-feira (no horário de Brasília), no lindo estádio Moses Mabhida, na cidade litorânea de Durban, Brasil e Portugal colocarão à prova as suas reputações e começarão a desenhar seu futuro na competição.

Por mais que as vagas nas oitavas-de-final estejam quase definidas – Portugal só perde seu lugar se acontecer uma tragédia -, o jogo de Durban serve para definir pelo menos uma coisa importante: quem será o primeiro colocado no grupo. Se vencer ou só empatar, o Brasil se garante como cabeça da chave e avança para a etapa eliminatória para pegar o segundo colocado do grupo H (Espanha, Chile ou Suíça, que definem as vagas mais tarde). Ficaria num lado da tabela que, por enquanto, tem só a Holanda como seleção que mete medo. Perder para Portugal significa amargar o segundo lugar da chave – o que, desde que o atual sistema de grupos foi adotado, em 1986, jamais aconteceu com o Brasil. Nesse caso, a seleção cairia no outro lado do pareamento das seleções, com a possibilidade de se deparar com Argentina, Inglaterra ou Alemanha antes da final. Por isso, apesar de poder se dar ao luxo de tratar a partida como simples aquecimento para as oitavas, o Brasil deverá jogar para valer, quase com sua força máxima (Portugal, é claro, vem com time completo).

Em sua entrevista coletiva na quinta-feira, o técnico Dunga avisou que só o meia Elano, que ainda se recupera de uma pancada sofrida no violento jogo contra a Costa do Marfim, deve ficar de fora. Mas nada de se preocupar. O substituto é simplesmente um dos melhores jogadores da seleção brasileira, ainda que esteja na reserva. Daniel Alves, titular do Barcelona, é suplente no Brasil só porque disputa posição com o ótimo Maicon na lateral-direita. Como é versátil e sabe bem como jogar pelo meio, é o escolhido para ocupar o lugar de Elano. Daniel entrou nas duas partidas do Brasil na Copa, o que mostra que é uma espécie de 12º jogador na cabeça de Dunga. A outra mudança em relação ao time que bateu a Costa do Marfim por 3 a 1 é a ausência do suspenso Kaká. Em seu lugar entra um atleta que não arranca suspiros da torcida, mas sempre resolve a parada quando está com a camisa da seleção. Forte, combativo, dono de um canhão no pé direito e sempre difícil de ser marcado, Júlio Baptista já substituiu Kaká – seu amigo desde os tempos de garoto, no São Paulo – em muitas situações complicadas. Sempre correspondeu à altura. Na última Copa América, por exemplo, Kaká pediu dispensa. Júlio assumiu a função e comandou a vitória sobre a Argentina na final.

Jogando pela primeira vez nesta Copa sem o apoio garantido da maioria da torcida – os portugueses prometem fazer sua seleção se sentir em casa em Durban -, o Brasil também pode usar o jogo desta sexta como teste de fogo para sua defesa. Os lusos, que empataram em 0 a 0 com os marfinenses na estreia, deslancharam no segundo jogo, atropelando a Coreia do Norte por 7 a 0. Com Cristiano Ronaldo comandando o ataque e os habilidosos Tiago e Raúl Meirelles aparecendo pelo meio, Portugal tem bom poderio ofensivo. O Brasil, que chegou à África do Sul com a fama de ter a melhor defesa do torneio, ainda não conseguiu terminar um jogo sequer sem tomar. Foi furado até pelos fracos norte-coreanos. Se o goleiro Júlio César não tomar gols nesta sexta, o primeiro lugar no grupo estará garantido. Na frente, Luís Fabiano é a promessa de gols. Depois de marcar duas vezes contra a Costa do Marfim, o artilheiro atraiu atenção ainda maior dos defensores rivais. Se assegurar outra vitória brasileira, vai incluir o Brasil no seleto grupo de seleções que fecharam a primeira fase com todos os pontos conquistados. Só Argentina e Holanda venceram todos os seus jogos até aqui. O Brasil, que tem como tradição passar da primeira fase com a autoridade de quem é pentacampeão, tem tudo para se incluir nesse trio e fechar a etapa inicial da Copa no lugar que é seu de direito: entre os eternos favoritos a levar a taça.

(Por Giancarlo Lepiani, de Durban)

Fonte: www.veja.abril.com.br

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