sexta-feira, 25 de junho de 2010

O RN tem pressa!


Quando se fala em Rio Grande do Norte (RN) é impossível não lembrar das paisagens fascinantes e do povo alegre e hospitaleiro. Quem nunca ouviu falar das praias de Ponta Negra, Genipabu, Pipa e tantas outras, responsáveis por atrair milhares de visitantes, todos os anos, ao estado? E a culinária local, nos traços culturais e até mesmo no artesanato típico da região?

Grande produtor e exportador de frutas tropicais, petróleo jorrando da terra, pescado vigoroso, produção de sal de fazer inveja a qualquer um, e um setor turístico deslumbrante, afinal, por que um Estado com tanta riqueza ainda convive com tantos problemas que, visto a olho nu, aparentam ser indestemíveis? Quais seriam as alternativas e os desafios para o crescimento e o desenvolvimento do RN?

Infelizmente, o que muitos desconhecem é que o estado apresentou nos últimos anos índices sociais e econômicos muito aquém do esperado para uma unidade da federação que deseja sediar uma Copa Mundial e despontar como uma liderança no Nordeste.

A sensação de todo potiguar é que o Rio Grande do Norte só poderá avançar verdadeiramente, se tiver condições de entender as lições que seu passado oferece e de entender como chegou até aqui: compreender quais são as distorções – sociais, históricas, culturais – que atrapalharam e ainda hoje atrapalham seu desenvolvimento e como fazer para corrigi-las e superá-las… E se for capaz, ainda, de olhar para os estados que logram obter estágios superiores de riqueza, bem-estar e prosperidade, de forma a identificar as instituições, valores e princípios que os possibilitaram.

O RN vive um momento histórico: ou educa seu povo, aprofunda o processo de reformas na saúde pública e combate a onda de violência com firmeza e se transforma em uma economia pujante, com disciplina administrativa e competência produtiva, ou então retrocede e corre o risco de continuar desperdiçando oportunidades e de se afastar ainda mais do grupo seleto de estados com maior crescimento.

Na última década, o RN arrecadou cada vez mais, gastou cada vez menos com a sociedade e, mesmo assim, suas contas permanecem desequilibradas; a falta de investimentos em infraestrutura fez do RN um dos estados com pior logística econômica, dificultando o escoamento de nossos produtos agrícolas e obstaculizando a integração regional; e o turismo, a cada ano, vem perdendo espaço para outros estados do nordeste.

Concentramos nos médios centros urbanos multidões sem alternativa de sobrevivência digna, que só conseguem realizar atividades ocasionais ou ilegais, deflagrando assim uma onde violência sem precedentes com o crescente tráfico de drogas, principalmente entre a população mais jovem, e pioramos a qualidade da escola pública. Não é à toa que ainda possuímos a quinta maior taxa de analfabetismo do país (20,74% – PNAD-208).

A fronteira agrícola foi fechada. Os agricultores convivem num ambiente de dívidas hercúleas com a falta de subsídios governamentais. Isso sem falar dos pescadores que estão em crise há muito tempo, enfrentado uma concorrência cada vez maior com outros estados do Nordeste, como o Ceará. Além disso, devido à defasagem de nossos campos petrolíferos, estamos perdendo o posto de maior produtor de petróleo em terra do país para o Amazonas. E, num efeito dominó, o mercado de trabalho desorganizou-se, o desemprego aberto ou ao subemprego crônico está cada vez mais alto nos grandes centros urbanos.

Nosso crescimento econômico despencou. Depois de anos de crescimento rápido, completamos uma década perdida e caminhamos para completar a segunda. No quesito PIB, enquanto o RN apresentou um crescimento médio de 4% ao ano no período de 2001 a 2005, o Brasil cresceu a passos largos, com média de 10%. Não é à toa que a ínfima participação de aproximadamente 0,9% do PIB Norte-Rio-Grandense de 2003 a 2005 no plano nacional é o reflexo da insuficiência do RN quando se trata de representatividade quantitativa nacional.

Esses são fatos inequívocos de que a incipiente tentativa de construir um estado de bem-estar social foi interrompida. Nesse atual governo, o RN perdeu capacidade de realizar, induzir e coordenar investimentos, tornando-se refém de políticas irresponsáveis e populistas. O RN só poderá avançar no caminho de seu desenvolvimento através de um processo de análise, que expurgue da identidade regional a cultura patrimonialista, substituindo-a pelo trabalho e iniciativa, valorizando a acumulação diante do desperdício, a competição mediante o favorecimento, o sucesso diante do fracasso, superando dogmas anacrônicos de não ser possível a edificação de um estado competitivo e próspero na “esquina do Brasil”. Do litoral ao cariri, do sertão ao agreste, precisamos gritar em uníssono e dizer: SIM, O RN TEM PRESSA!

Fonte: www.joseagripino.wordpress.com

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